sábado, 4 de dezembro de 2010

Situação atual da profissão

O técnico em contabilidade, hoje em dia, pode legalmente obter seu registro profissional no conselho da classe, estando apto, portanto, a realizar todas as atividades contábeis de sua competência, responsabilizando-se inclusive pelos demonstrativos contábeis das empresas. Somente as atividades de perícia contábil e auditoria são reservadas aos profissionais de nível superior.
Para que o registro profissional do técnico em contabilidade seja possível são necessárias a conclusão do curso técnico e a aprovação no exame de suficiência profissional promovido pelo conselho da classe em todo o país.
Esse exame, recentemente estabelecido pelo Conselho Federal de Contabilidade, faz parte de uma série de ações voltadas para a melhoria da qualidade dos profissionais, já que, atualmente, boa parte dos Conselhos Regionais adota programas de educação continuada por meio de cursos de aperfeiçoamento, seminários ou fóruns de estudos, preocupados com a necessidade de os profissionais se manterem atualizados.
Tais procedimentos são bastante pertinentes e estão coerentemente associados às necessidades mercadológicas atuais, porque esses novos tempos exigem profissionais muito bem qualificados e que necessitam aprender sempre. De fato, a cada momento novidades tecnológicas surgem, tornando obsoletos muitos dos conhecimentos anteriormente adquiridos.
Em razão desse novo cenário, novas competências são requeridas daqueles que pretendem participar e atuar ativamente nesse mercado de trabalho altamente competitivo, de concorrência acirrada e com grande grau de incertezas em face das mudanças cada vez mais rápidas e constantes.
Um questionamento que se poderia fazer é se há mercado para o profissional técnico em contabilidade no atual cenário mercadológico. A resposta para tal pergunta pode ser encontrada em alguns dados estatísticos relacionados com a atuação desse profissional no país.
Em recente pesquisa realizada no município do Rio de Janeiro, cujo objetivo era analisar a demanda por profissionais de contabilidade na região através das ofertas de emprego em anúncios de jornal, verificou-se que 36% das ofertas publicadas se direcionavam aos profissionais de nível médio.
Esses anúncios solicitavam, principalmente, amplos conhecimentos nas áreas fiscal/tributária, financeira, legislação trabalhista e previdenciária, além de conhecimentos gerais de contabilidade e de classificação e conciliação de contas.
Essa pesquisa também demonstrou que não se concebem mais profissionais técnicos em contabilidade que não tenham conhecimentos de informática.
Dados do Conselho Federal de Contabilidade apontam para o fato de que entre seus afiliados há um número muito maior de técnicos em contabilidade do que de contadores.
O quadro 1, a seguir, mostra a participação dos técnicos em contabilidade no contexto profissional brasileiro.

Quadro 1 – Profissionais registrados e ativos nos Conselhos Regionais de Contabilidade

RegiõesTécnicos em ContabilidadeRegistrados e Ativos
%
ContadoresRegistrados e Ativos
%
Sul38.10958%27.45942%
Sudeste109.13662%66.75938%
Centro-Oeste17.29264%9.62736%
Norte7.92357%5.88843%
Nordeste29.22662%17.56738%
Totais201.68661%127.30039%

FONTE: Conselho Federal de Contabilidade – dados do ano de 1999.

Com base nessas informações percebe-se claramente que o mercado de trabalho para o técnico em contabilidade não está estagnado. Também não há a perspectiva de desaparecimento dessa profissão.
No entanto, para se manter atuante nesse mercado há que se reconhecer que o técnico em contabilidade de hoje não é mais o mesmo guarda-livros de períodos passados. Os atributos, tarefas e requisitos exigidos desses profissionais não permaneceram iguais.
Há tarefas que, em períodos anteriores, demandavam, pela sua importância, parcela considerável do tempo de trabalho dos profissionais, mas que hoje, em função do avanço tecnológico, tornaram-se simples e rápidas, perdendo espaço, então, para outras demandas que assumiram maior importância.
Do mesmo modo, muitas competências profissionais exigidas atualmente não eram sequer cogitadas há alguns anos atrás como conhecimentos que o profissional técnico em contabilidade precisaria buscar.
Essa visão equivocada de que o técnico em contabilidade de hoje é o mesmo guarda-livros de antigamente é um estereótipo criado em função da forma como os cursos profissionalizantes eram conduzidos, em que se denotava a visão de um profissional simplesmente cumpridor de dispositivos legais e sem nenhuma capacidade criativa.
Isso pode ser facilmente detectado no Brasil, onde é comum encontrar estudantes que não gostam da Contabilidade nem das questões que a cercam por não verem nelas importância ou utilidade nos dias atuais.
Faz-se necessário, portanto, inserir na estrutura do curso técnico uma visão moderna, coerente com os anseios do mercado e que efetivamente capacite o estudante para o exercício pleno da profissão, que é o que preceitua o artigo 1º, Inciso I do Decreto nº 2.208/97.

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